Minha participação no
Momento de Inspiração- Ed;nº 18 lá da Mamyrene
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Mais uma vez,Lina olha para trás...
De longe vê a prisão, que era como sentia ser a casa dos pais.
Estava com vinte anos e não tinha liberdade para nada.
Suas roupas eram escolhidas pela sua mãe e esta, por sua vez, aconselhada pela sua avó. Saíam as duas e simplesmente lhes davam o resultado das compras, sem ao menos se importar com seus gostos. Cismavam em lhe dar jóias caras e estas não faziam a sua cabeça.Detestava. Não gostava de ostentações.
Naquele dia, enquanto ainda amanhecia, resolvera deixar tudo aquilo para trás e tentar sua vida.
Assim, com uma enorme mala na mão, pesada, cheio de seus livros, estranhas vestes e jóias que venderia na cidade, pretendia conseguir manter-se numa pensão ,conseguir um trabalho e por lá viver...
À família, deixara apenas um bilhete onde dizia que estava buscando encontrar a SUA vida. Despediu-se afirmando que tão logo pudesse, daria notícias.
Seguiu o caminho, chega à cidade onde, com muito sacrifício consegue vender um ou outro livro.
Poucas peças de roupas foram compradas por um grupo de teatro.
Jóias, já lhe sobravam poucas, mas o emprego que arranjara parecia ser muito bom e logo estaria bem financeiramente...
Era o que pensava...Mas a realidade,bem diversa!
Dois anos passaram...
Ela sabia não ser aquela a vida sonhava. No emprego, tinha moradia e comida, mas passava a noite trabalhando, aguentando homens indigestos, porcos, podres até...Era o que havia conseguido, pois não queria trabalhos pesados.
Poderia ter sido empregada numa loja, mas achou irritante ficar tantas horas em pé. Não gostou ainda do salário.
Assim, de emprego em emprego, achou aquele...
Lhe faltava coragem de recuar, de voltar à casa dos pais ...
Só o fez, quando foi mandada embora de lá, ao saberem que engravidara.
E agora?
Dentro de si, a certeza que mesmo não sabendo quem era o pai, o filho haveria de ter uma mãe forte e valente, lutadora.
Diante daquela semente que dentro de si brotava, fez essa promessa. Agora era hora de voltar e enfrentar a família.
Chegando lá, todos viram seu estado desesperador.
Roupas vulgares, cabelos em desalinho, parecia desnutrida. Olheiras enormes denotavam as noites mal dormidas.
Ao primeiro abraço, a mãe perguntou:
_ Não vieste sozinha, não é? Sinto que tens mais alguém em ti!
Essa foi a senha para o primeiro beijo entre elas acontecer. Toda família fez o mesmo.
_Ao banho, sugere a mãe. Tua vó e eu iremos comprar roupas para ti, trataremos de te alimentar e cuidar novamente.
Depois, pensaremos em ver crescer tua barriguinha e o seu "recheio"...
Lina, nessa hora pede desculpas por tantas preocupações oferecidas à família.
No banho, com a ducha morninha escorrendo sobre sua cabeça, lembra num repente do dia em que de lá saiu...
Mas admira agora, sabe dar valor ao que por lá tem. Pequenos ajustes terão que ser feitos naqueles relacionamentos, porém, sabe que ali é o melhor, no momento..
É acolhida e lá tem amor, que certamente, será repassado ao seu pequeninho quando a hora chegar.
Era hora de refazer laços, cuidar-se e aceitar o emprego da escola que lhe esperava!
Assim fez e a cada dia, sua barriguinha mais aparecia e enquanto ela trabalha na escola, sua mãe e avó se divertiam preparando o quartinho, comprando o enxoval do pequenino neto e bisneto.
Elas realmente, não mudariam, ria-se ao pensar...
Mas agora, Lina sabia que tudo tem sua hora e, na hora certa tudo haveria de acontecer!
chica